Mortal Kombat é até hoje uma das séries de jogos de videogame mais famosas do mundo. Sua primeira aparição foi nos arcades ou fliperamas – como são conhecidos – no ano de 1992. Nesta época, os jogos de luta estavam dando os seus primeiros passos.
Próximo a esta data, outro jogo de luta estava fazendo muito sucesso entre os arcades espalhados pelo globo: ‘Street Fighter – produzido pela Capcom. Mortal Kombat foi concebido para competir com o título da Capcom, e ao abordar vários temas de forma diferente do seu concorrente, como: finalizações de seu inimigo ao final da luta, personagens secretos e até mesmo “easter eggs” (espécie de mensagem escondida intencionalmente) em seu jogo final, fez com que o game ganhasse uma legião de fãs e adoradores da série por um bom tempo.
Os anos foram passando e diversos novos jogos da franquia foram criados, mas os que mais se destacaram foram suas três primeiras versões (MK, MK II e MKIII) que mantinham a velha jogabilidade 2D, acrescentando apenas algumas inovações, todavia sempre em linha com sua proposta inicial.
Nesta época, outros jogos de luta começaram a se destacar também em sua proposta – surgira então ‘Tekken’, título desenvolvido pela Namco e que adotava em sua jogabilidade a movimentação 3D, personagens variados e até um capoeirista brasileiro com nome de gringo – o que nem convém comentar.
A partir daí, a série Mortal Kombat começou a “tropeçar” em seus jogos, tentando tomar partido desta jogabilidade 3D – muito bem aplicada ao Tekken – e aproveitar o sucesso da série da Namco para seus novos lançamentos. Por esta infeliz decisão, o game praticamente perdera sua essência, adotando um estilo de luta muito diferente de seus jogos originais de sucesso. Aquele prestígio dos “anos dourados” começava a desaparecer.
De lá para cá, o IP (Propriedade Intelectual) Mortal Kombat começou a dar indícios de seu fim, até que finalmente surgiu a notícia mais triste para seus fãs – a Midway (dona do IP) estava falida e MK parecia ter levando um gancho no queixo que o jogou em queda livre para o fundo do poço de um de seus próprios cenários. Surge então a Warner Bros., a gigante americana enxergando o potencial da marca MK e decide – em uma manobra rápida, sem hesitar – comprar os direitos de uso da propriedade intelectual de Mortal Kombat.
Paralelamente a estes acontecimentos, na busca de aplicar um “fatality” nas cicatrizes deixadas pelos jogos considerados ruins pela crítica, dá-se um fim à ‘Midway’ (estúdio criador de MK) e surge a ‘NetherRealm Studios’. Frente à ela estão os criadores da série MK – Ed Boon e John Tobias – e seu novo desafio: relançar o game ‘Mortal Kombat’, consagrado por seus fãs nos consoles desta nova geração.
Após as primeiras imagens do game serem divulgadas, alguns poucos vídeos e até demonstração do título no Playstation 3, ‘Mortal Kombat’ (2011) finalmente é lançado, e você confere a análise completa do game abaixo.
Sobre o Game
‘Mortal Kombat’ (2011) é uma recriação de seu jogo original e conta com todas as características de seu primeiro game – além de trazer uma série de inovações bem-vindas em sua chegada aos consoles desta geração.
Nele, temos diversos modos de jogo que vão desde um modo história bastante intenso, diversos desafios para seus jogadores, e também seu modo multiplayer online.
Em seu modo história, o game conta como aconteceu a chegada dos seus guerreiros ao torneio mortal. À medida que se avança em seus capítulos, novos personagens vão sendo acrescentados à trama, na busca de eliminar o imperador Shao Kahn e trazer a paz na terra.
Este é um modo bastante divertido e às vezes até cômico, pois diversos diálogos engraçados são pronunciados por alguns de seus lutadores. Durante a trajetória, você jogará com muitos guerreiros do torneio, o que faz com que o jogador experimente e até aprenda o modo de jogar com todos eles. Ao final, como recompensa, serão desbloqueados alguns novos personagens que podem ser utilizados nos demais modo do jogo.
Além desta modalidade, há o
“King of the Hill”, onde até
8 jogadores terão a experiência ou sensação de estarem jogando e até assistindo o jogo em arcades.
Neste modo é possível escolher um avatar de um dos personagens do jogo que o representará durante a exibição de uma luta. Usando este avatar, é possível torcer ou até zombar de seus amigos ou dos jogadores que estiverem se enfrentando – os quais são visualizados por meio de uma tela que lembra uma sala de cinema. Enquanto você espera a sua vez, diversas interações interessantes e divertidas com estes “bonequinhos virtuais” podem ser feitas por seu avatar – no XBOX 360 é possível ainda usar o próprio avatar da XBOX Live (rede online para o console da Microsoft).
Após o fim da disputa, pode-se avaliar o rendimento dos lutadores dando notas para a sua exibição. Aquele que ficar “na mesa” e ganhar suas partidas, enfrentará o próximo amigo participante da sala.
Outro modo interessante é o “Challenge Tower”. Nele, há diversos desafios baseados no game para serem realizados, que vão desde mini-games como “Test Your Luck”, “Test Your Might” entre outros, combates sem cabeças, lutas onde não se pode realizar comandos especiais, ou até com a tela de cabeça para baixo. Enfim, são mais de 300 desafios à sua escolha, e seu nível de dificuldade aumenta à medida que você sobe para o topo da torre.
Ao jogar um destes modos, são acumulados pontos pelo seu desempenho que podem ser trocados por novos fatalities, novas roupas, trilhas do jogo e artes conceito na ‘Kripta’.
Por fim, em seu modo online é possível realizar partidas 1 contra 1, ou também em duplas, o que garante uma boa diversão se disputado contra outros jogadores aqui no Brasil – pois é possível jogar sem muito “lag”, ao ponto de afetar aquele seu combo preferido (dependendo da qualidade da conexão, é claro).
Qualidade gráfica impecável
Ao jogar ‘Mortal Kombat’ uma das primeiras coisas que chamam a atenção é sua qualidade gráfica. Seu desenvolvimento foi realizado a partir da “Unreal Engine” – um dos motores gráficos mais utilizados nos jogos da atualidade – e que trouxe para o game um novo aspecto, gráficos muito bem definidos, cenários belíssimos, e uma originalidade de seus personagens incrivelmente peculiar. Sua aparência é digna de um jogo desta geração de consoles, contudo, ainda com um toque retrô, pois todas as suas antigas características que fizeram de MK um jogo de sucesso estão lá.
Há muitas arenas no jogo, desde seus antigos cenários repaginados, assim como os novos, acrescentados à série a partir da inclusão dos eventos em seu modo história. A qualidade de todos eles é praticamente impecável, ao ponto de num deles, enquanto os jogadores se enfrentam, no canto do cenário há uma fonte gerando uma “cachoeira de sangue”, ao passar com os personagens através dela, seu lutador fica totalmente coberto de sangue – ao nos depararmos com tal situação, decidimos testar o nível de detalhe aplicado ao jogo: decidimos então usar o sub-zero para congelar o adversário enquanto ele estava embaixo desta “cachoeira”. Adivinha o que aconteceu? Mesmo coberto de gelo, o sangue passou a manchar e cobrir o azul sobre o personagem, algo sem dúvida empolgante de se ver. São detalhes como estes que fazem com o que jogador, em certos momentos, perca até a sua concentração na batalha, prestando atenção nos detalhes de suas arenas.
Este mesmo nível de detalhe está presente também nos personagens do jogo. Todos muito bem detalhados, com suas roupas muito bem elaboradas e alguns até com acessórios claramente visíveis acoplados à sua roupa e que são utilizados na luta, dando um ar ainda mais original ao título. Além disto, no decorrer da batalha, seu personagem passa a representar em sua aparência o reflexo da pancadaria – suas roupas são rasgadas, hematomas surgem em seu corpo e até um belo olho roxo e inchado pode aparecer na tela, tornando a aparência do game ainda mais singular e empolgante de ser visto.
Jogabilidade para todos os gostos
Em sua jogabilidade, ‘Mortal Kombat’ não decepciona. Obviamente, possui as mesmas características de seus primeiros jogos – como o botão de defesa, por exemplo – mas também traz funções inéditas, como o “X-ray”: cada jogador possui agora uma barra de especial, separada por três níveis. No primeiro nível, é possível realizar um golpe especial de seu personagem, um pouco mais elaborado do que o normal. Já em seu segundo nível, é possível “quebrar” o combo de um inimigo, utilizando um comando para tal. E por fim, quando os três níveis da barra estão preenchidos, seu personagem pode aplicar um golpe “X-ray” – um golpe especial, aplicado em câmera lenta, e que mostra no detalhe a atrocidade cometida sobre o adversário, sempre com um belo dano associado.
Se o jogador optar por não utilizar este golpe, é possível aproveitar estes três níveis da barra para usá-los em diversos outros combos aplicados em sequência. Assim, cada um tem a liberdade de criar seu estilo de jogo único, trazendo um pouco mais de originalidade ao game e aos seus jogadores.
Por meio de comandos simples é possível aplicar combos que reduzem uma boa energia de seu adversário, o que faz com que jogadores não tão “hardcore” possam aproveitar suas disputas sem muito sofrimento. Contudo, aqueles já considerados “apelões” não se decepcionarão, pois com certo treinamento e habilidade é possível realizar combos insanos e com um alto nível de dificuldade.
Ao fim de cada disputa, os novos ‘fatalities’ de cada personagem dão um show à parte, garantindo ainda mais a diversão durante a jogatina de ‘Mortal Kombat’.
Enfim, MK possui uma jogabilidade para todo tipo de fã e consegue mesclar combates intensos e divertidos, seja seu jogador “hardcore” ou não.
Playstation 3 tem personagem exclusivo
Kratos – personagem ícone da série God of War – é um dos lutadores selecionáveis, exclusivo para o console da Sony, e conta com tudo o que os outros personagens têm: combos, fatalities, e até um cenário de God of War 3 com sua trilha sonora. Além disto, o título possui compatibilidade com a tecnologia 3D, que garante um espetáculo à parte durante as partidas.
O Brasil foi lembrado
Outro ponto importante de se destacar neste novo ‘Mortal Kombat’ é sua tradução para o português (Brasil). Todo seu menu foi adaptado para nosso idioma, porém possui alguns erros de grafia, como: “primer golpe” (primeiro golpe), “recuperao” (para recuperação), e até mesmo a troca do nome de um personagem em seu modo história. Detalhes pequenos, que não tiram o brilho do jogo, mas que poderiam ter sido corrigidos.
Kill Him
Por fim, “Mortal Kombat” conseguiu realmente dar a volta por cima. Sua jogabilidade divertida e envolvente, juntamente com sua quantidade de modos de jogo existentes e sua qualidade gráfica, garantirão uma extensa vida útil ao título. Sem contar futuros DLCs que virão adicionando novos personagens, cenários, roupas e, talvez, até mesmo fatalities. Vida longa Mortal Kombat!